2009/04/26

Mono

Pura Felicidade

Começando pelo fim:
- em “Everlasting Light” desenha-se um objecto sombrio carregado de simbolismo épico, não falta nada, tudo é pensado ao pormenor;
- “Pure As Snow (Trails Of The Winter Storm)” como o título do tema pressupõe, é tratado branco, onde as normas foram pré-acordadas para que todas as fórmulas não sejam postas em causa. Temos assim um tema duradoiro, onde a alegria é o princípio de tudo, criando um mundo sem defeitos e perfeitamente orientado;
- “Silent Flight, Sleeping Dawn” é um perfeito tratado de miséria, tudo é tristeza, tudo é infelicidade, é preciso uma intensa auto-estima para conseguir ouvir a espaços que a esperança existe;
- “Burial At Sea” tem dois tempos, o primeiro surge como um cortejo fúnebre de um enigmático chefe da camorra italiana, pé ante pé, passo após passo caminha-se sofridamente para a última morada. No segundo tempo surge o renascer do seu herdeiro, já tudo foi consumado, já tudo foi chorado, a vida continua e nada nos pode derrotar;
Os japoneses Mono residem na mesma mansão onde habitam uns Mogwai ou uns Explosions In The Sky e andam nesta vida já há quase dez anos, Hymn To The Immortal Wind é o seu quinto disco de originais e o terceiro consecutivo com a marca do produtor Steve Albini. Albini é um mago da produção, consegue mais que qualquer outro tirar o máximo dos músicos e posteriormente dedicar-se ao rendilhar da obra, fazendo com que qualquer banda ganhe outra dimensão, uma outra visibilidade.
Hymn To The Immortal Wind está repleto de magia, são descargas e descargas de energia a sair pelos amplificadores, que ao entrarem nos nossos ouvidos, se convertem em torrentes descontroladas de felicidade. Há no universo de Mono, algo que lhes dá o direito de abusarem do nosso estado mental, a sua música abre fronteiras psíquicas, há uma quebra nas regras de bom senso, reduzindo tudo a um simples e incontrolável sorriso.

Momento Mágico: Burial At Sea


Mono - Hymn To The Immortal Wind (2009) – Temporary Residence


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2009/04/08

Dan Deacon

Desassossego

A quantidade de energia lançada aos nossos ouvidos, sob forma de enxame de electrónica descompassada, provoca um agradável sentimento de felicidade. Há algo na musica de Dan Deacon que é difícil de conter, temos mesmo que nos libertarmos, há que pular e saltar, aliás o ideal será mesmo mandar saltos mortais á retaguarda. A electrónica indie de Dan Deacon é mais do que um ritual, é um sinfonia sintética, onde o desconhecido cruza a velocidades ultra-sónicas, todas extremidades dos nossos neurónios.
Bromst desassossega o nosso sossego, transpõe para o mundo real a inundação de ideias que passam pelo (louco) cérebro de Dan Deacon. Ao longo de 11 temas somos expostos a radiações quase mortais e só com uma brutal capacidade de sobrevivência, ainda assim e apesar de conseguirmos sair desta experiencia pelo(s) nosso(s) próprio(s) pé(s), só com muito custo vamos conseguir mantê-los em sossego. Bromst é cativante e fortemente viciante, é uma nódoa que difícil sai. Um dos grandes de 2009, podem confiar.

Momento Mágico: Snookered


Dan DeaconBromst (2009) - Carpark


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