2008/08/25

Okkervil River

2ª Parte

Com Black Sheep Boy fizeram-se notar, disseram um olá ao mundo e tornaram-se conhecidos. Decorria então o ano de 2005 e os Okkervil River assinavam um disco folk-country, repleto de negras paisagens rurais, onde o caótico se sobreponha á harmonia. Em 2007 surge a primeira parte deste disco duplo. The Stage Names começa a esboçar a intenção de se libertarem, daquela imagem mais sombria, com a qual eram conotados, com a chegada de The Stand-Ins (a segunda parte do duplo álbum) os Okkervil River construíram definitivamente uma clarabóia, através da qual pequenos raios de luz, vão iluminar o espaço cinzento e algo insalubre onde se movimentavam e cresciam.
The Stand-Ins mostra em definitivo uma banda mais aprumada, com ideias cristalinas e delicadas, onde se pratica um folk festivo e alegre “Lost Coastlines” é a perfeita imagem disto, suave e compreensível seja a nível musical ou a nível literário. “Singer Songwriter” tem um encanto precioso, alonga-se no tom descritivo, sem nunca perder a parte harmoniosa. Com “Blue Tulip” chega o cântico em forma de desespero, de inicio delicioso até à zona assombrosa.
Will Sheff e os seus rapazes de Austin, completam assim a segunda parte do álbum duplo. Somando The Stage Names e The Stand-Ins, resulta que a pop e a country-folk podem conviver no mesmo quarto, partilhar a mesma cama, sem existir uma necessidade de transformarem em amantes.


Momento Mágico: On Tour With Zykos


Okkervil River - The Stand-Ins (2008) - Jagjaguwar

2008/08/18

Richard Swift

Alma Soul

O mais recente EP de Richard Swift é um pequeno deslumbre. Swift é um facto consumado, já não espanta, já não causa qualquer surpresa. Swift é um rapaz sobredotado, vai construído a espaços (muito curtos, diga-se) tema após tema, vai esboçando a sua ainda curta carreira. Em 2008 já lançou uma colecção de temas com Richard Swift as Onasis, 20 temas correndo um pouco todos os géneros, um álbum para todos os sentidos.
Ground Trouble Jaw [EP] é um curto e delicioso passeio pelo lado mais soul do espírito de Swift. Requinte e apuro são a sua imagem de marca, não é preciso grandes revoluções nem uma grandiosa produção, basta ser dotado de uma voz competente e ter uma excelente capacidade para desenhar meia dúzia de temas. Ground Trouble Jaw [EP] surge vindo do lado mais negro de Swift, 5 temas inundados pelas águas mais turbas da soul americana. Com “Would You?” descobre-se que a voz de Swift, chega dos confins da alma e mesmo carregado uma imensa dor, chega apinhada de esperança. “Lady Luck“ é soul em formato virgem, tudo perfeito, tudo intocável. “The Original Thought” soa a poema dorido, é provável que tenha acontecido algo, Swift deixa transparecer algumas coisas, mas não tudo, fica a meio caminho do problema e de coisa nenhuma. No final do EP surge "A Song For Milton Feher", este sim um Richard Swift mais identificável, a praticar aquela sua folk-pop já tão caracteristica, feita de pequenos nadas.
Se por um lado Ground Trouble Jaw [EP] peca por ser curto (dura apenas alguns curtos minutos), por outro lado está disponível gratuitamente, o que não só é uma boa ideia, como se está (e ainda bem) a transformar num hábito. Ouvir/Tirar: AQUI

Momento Mágico: Lady Luck


Richard SwiftGround Trouble Jaw [EP] (2008)

2008/08/10

Oneida

Vacina em Dose Tripla (1ª Parte)

Como é que se escreve um pequeno texto, sobre um álbum que apenas tem 3 musicas? Fácil, muito fácil, o disco é dos Oneida.
Preteen Weaponry é a primeira parte de um triplico, que responde pelo nome de Thank Your Parents, após uma boa quantidade de audições, posso quase garantir que estamos certamente perante um trabalho de uma seriedade impressionante, pensado e repensado ao ínfimo pormenor. Preteen Weaponry é ultra hipnótico, agarrado á filosofia da electro-folk vai debitando toneladas de envolvimento eléctrico (guitarra e baixo), que com o perfeito apoio de toda a estrutura rítmica, desenha na perfeição um perfeito mundo psicadélico.
São apenas 3 os temas no álbum, Preteen Weaponry (Part 1), Preteen Weaponry (Part 2) e Preteen Weaponry (Part 3), ligados por desconfortáveis drones, carregados de simbolismo negro vindo das profundezas.
A forma com os Oneida delinearam esta primeira parte da triologia, prevê que o resultado final, seja um resumo intenso, da sua já longa carreira. Preteen Weaponry não é para todos os ouvidos, precisa de algumas audições dedicadas e de uma pré-disposição para o género.

Momento Mágico: Preteen Weaponry (Part 1)


OneidaPreteen Weaponry (2008) - Jagjaguwar

2008/08/05

It Hugs Back

Esperança

É uma simples e curta apresentação, aliás não passa de uma elementar recolha dos 4 singles já editados por esta banda de Kent, England, entre 2006 e 2008. Os It Hugs Back são três amigos, que passaram grande parte da sua adolescência colados a Sonic Youth, My Blood Valantine, Lush. O resultado é impressionante, bandas agarradas às influências atrás referidas, deve haver às centenas, o que distingue os It Hugs Back de todas as restantes, é a sua qualidade enquanto banda. A sussurrante voz de Matthew equilibra toda a estrutura musical, de forma que tudo parece uniforme e de uma simplicidade atroz.
Record Room – First Four Singles [EP] foi gravado de forma cronológica e uma das coisas que mais me chamou a atenção, foi a carácter e a marca deixada por todos os temas, há um contínuo e permanente talento, que dificilmente passará despercebido ao ouvido do melómano mais atento. “Little Steps”, “Saving”, “Sometimes The Sun” e “Soft Spot” são 4 pequenos diamantes, já completamente polidos e que apenas aguardam a exibição que merecem.
Record Room - First Four Singles [EP], não é mais do que a apresentação do longa duração, que irá sair muito provavelmente até ao fim do ano, aguardemos então…

Momento Mágico: Soft Spot


It Hugs BackRecord Room – First Four Singles [EP] (2008) - Phantom Sound & Vision

2008/08/01

Beck

No Caminho Perfeito

O rapaz prodígio está de volta. A idade já lhe atribui as características de um homem adulto, mas olhando com algum pormenor ainda vemos as feições de um jovem. A principal imagem de marca de Beck (a sua voz) está mais activa que nunca, continua rouca e penosa, mas ganhou contornos mais escuros, tornou-se misteriosa. Com Modern Guilt, Beck atinge definitivamente a maioridade, marca o caminho que quer percorrer, já não tem desvios gratuitos nem aventuras desnecessárias, tudo é pensado e trabalhado de forma a que tudo seja o mais perfeito possível. Modern Guilt foi produzido por Danger Mouse (metade dos Gnarls Barkley) e esse jogo de equipa resultou em perfeita mestria, todo o disco está repleto de pequenos toques e retoques, abundam os pormenores e os efeitos de produção.
Modern Guilt abre com “Orphans” é a perfeita pop-song. “Gamma Ray“ inunda tudo à sua volta, é super rápida, tem uma impressionante velocidade, tudo é feito e cantado em velocidade cruzeiro, em cadência cuidada. “Chemtrails” é puro shoegaze, voz em falsete que vai suportando toda a estrutura, até se dar a explosão rock, fortemente apoiada em todo o sector rítmico. “Modern Guilt” tem uma passada perturbante, que se desenvolve com uma cadência perfeita, terminando com um curto coro a uma só voz… perfeito.
Beck regressa em 2008 com um disco sem qualquer mácula, a única coisa apontar a Modern Guilt é a sua curta duração, tudo passa demasiadamente depressa, tudo se esvai rapidamente, tudo é efémero.

Momento Mágico: Modern Guilt


BeckModern Guilt (2008) - Interscope Records